O processo de divórcio com filhos envolve mais do que a simples dissolução do vínculo conjugal. Ele exige atenção redobrada, tanto do ponto de vista emocional quanto jurídico. Quando há filhos menores de idade, questões como guarda, convivência, pensão alimentícia e bem-estar das crianças tornam-se prioridades no processo de separação.
Neste artigo, vamos abordar de forma clara e acessível os principais aspectos jurídicos que envolvem o divórcio com filhos, explicando como funciona cada etapa e quais são os direitos e deveres de cada parte envolvida.
O que muda no divórcio quando há filhos?
Em um divórcio sem filhos, o processo costuma ser mais simples, podendo inclusive ser feito de forma extrajudicial (no cartório), desde que haja consenso entre as partes e não existam bens a partilhar ou outros conflitos. No entanto, quando o casal possui filhos menores ou incapazes, o divórcio obrigatoriamente deve ser feito por meio de processo judicial, com a participação do Ministério Público, que atua para proteger os interesses das crianças.
Guarda dos filhos: tipos e decisões
A guarda dos filhos é uma das questões mais importantes e sensíveis em casos de divórcio. A legislação brasileira prevê dois tipos principais:
1. Guarda Compartilhada
É o modelo prioritário no ordenamento jurídico brasileiro, conforme o artigo 1.584 do Código Civil. Na guarda compartilhada, pai e mãe participam ativamente das decisões relacionadas à vida do filho, mesmo que ele resida com apenas um dos genitores.
Este modelo busca manter o vínculo afetivo e a corresponsabilidade dos pais, preservando o equilíbrio emocional da criança após a separação.
2. Guarda Unilateral
A guarda unilateral é concedida a apenas um dos genitores, sendo o outro responsável por garantir o direito de convivência (visitas) e prestar pensão alimentícia. Ela é aplicada em casos em que um dos pais não possui condições de exercer a guarda, por motivos como ausência, negligência, ou acordo entre as partes.
Como fica o direito de convivência?
No divórcio com filhos, o genitor que não detiver a guarda tem garantido o direito de convivência com a criança. Essa convivência pode ser regulamentada por meio de um plano de convivência ou decisão judicial, respeitando o interesse do menor.
O ideal é que os pais entrem em consenso sobre dias e horários de visitas, feriados, férias escolares e datas comemorativas, sempre priorizando o bem-estar dos filhos.
Pensão alimentícia: como é definida?
A pensão alimentícia é um direito dos filhos e deve ser fixada de acordo com as necessidades da criança e a capacidade financeira de quem irá pagar. O valor pode ser acordado entre os pais e homologado pelo juiz ou definido judicialmente quando não houver consenso.
É importante destacar que a pensão não se limita apenas a alimentos, mas engloba moradia, educação, vestuário, lazer e saúde.
É possível fazer o divórcio no cartório com filhos?
A via extrajudicial (no cartório) só é permitida quando o casal não possui filhos menores ou incapazes. Nos casos de divórcio com filhos menores, o procedimento deve obrigatoriamente ocorrer na Justiça, mesmo que os pais estejam de comum acordo. Isso garante que todas as decisões relacionadas aos filhos sejam avaliadas por um juiz e acompanhadas pelo Ministério Público.
Qual o papel do advogado no divórcio com filhos?
O acompanhamento de um advogado é essencial durante o processo de divórcio com filhos, tanto para orientar os pais sobre seus direitos e deveres quanto para garantir que todas as decisões respeitem o princípio do melhor interesse da criança.
Cada cônjuge pode ter seu próprio advogado, ou, se houver consenso entre as partes, é possível nomear um único advogado para atuar por ambos, desde que não haja conflito de interesses.
Quando é necessário acionar o Ministério Público?
O Ministério Público atua obrigatoriamente nos divórcios com filhos menores ou incapazes. Sua função é zelar pelo cumprimento da legislação e garantir que os direitos das crianças sejam respeitados em todos os aspectos do processo.
Dicas para lidar com o divórcio com filhos de forma mais tranquila
Embora o aspecto jurídico seja fundamental, o lado emocional não deve ser ignorado. Veja algumas orientações que podem ajudar nesse momento delicado:
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Evite conflitos na frente dos filhos;
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Mantenha o diálogo respeitoso com o outro genitor;
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Seja transparente com as crianças, dentro dos limites adequados à idade;
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Reforce que o amor dos pais pelos filhos não mudou;
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Procure apoio psicológico, se necessário, tanto para os pais quanto para os filhos.
Conclusão
O divórcio com filhos é um processo que exige sensibilidade e responsabilidade. Do ponto de vista jurídico, o respeito às normas legais, à proteção da criança e ao equilíbrio nas decisões é fundamental para que a separação ocorra da forma menos traumática possível.
Em casos como este, contar com a orientação de um profissional capacitado é essencial para que os direitos de todos sejam garantidos e que os filhos possam seguir com segurança e estabilidade emocional.